Foto: Vinicius Becker
Enquanto Santa Maria vive um aumento no número de pessoas em situação de rua e enfrenta cobranças do Ministério Público para ampliar os serviços de acolhimento, Chapecó (SC) apresenta resultados de um programa iniciado em 2020 que já zerou o número de moradores nesta condição.
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O Mão Amiga, criado pela Prefeitura de Chapecó, é uma das principais estratégias do município para enfrentar o problema, especialmente em situações relacionadas à dependência química. A diretora de Acolhimento e Apoio de Dependentes da cidade catarinense, Paula Gai, detalhou as ações do projeto em entrevista ao Bom Dia Cidade, da Rádio CDN, nesta quinta-feira (18).
– Nós temos um conjunto de ações para trabalhar especificamente com a população em situação de rua. Um dos serviços é o programa Mão Amiga, que faz todo o acompanhamento e encaminhamento das situações de dependência química. Quando falamos desse público, a maioria também é dependente químico. É aí que entra o programa – explicou.
Entre as medidas, o município adota a internação involuntária, amparada pela Lei 13.840, quando a pessoa não adere a outros encaminhamentos. Nesse caso, familiares ou profissionais de saúde e assistência social assinam o termo de responsabilidade. Após avaliação no Centro de Atenção Psicossocial - Álcool e Drogas (CAPS ad), o internamento é autorizado, e em até 72 horas o Ministério Público e a Defensoria Pública são comunicados.
– Já tivemos pessoas com mais de 200 atendimentos no sistema. Esse processo é longo e sempre há acompanhamento prévio à internação. Hoje não temos ninguém em situação de rua em Chapecó. Alguns saem voluntariamente dos serviços, mas a abordagem social faz o convencimento e o retorno ao acolhimento – destacou Paula.
O custo mensal da desintoxicação é de cerca de R$ 6 mil por pessoa, bancado com recursos municipais. A permanência inicial varia de 30 a 90 dias, em clínicas conveniadas, seguida de encaminhamento para comunidades terapêuticas, onde o tratamento pode durar até um ano. Depois, há acompanhamento de seis meses ou mais, com foco no resgate de vínculos familiares e na recolocação no mercado de trabalho.
Segundo Paula, o impacto foi imediato:
– No início das ações, tínhamos 480 pessoas em situação de rua. Hoje esse número é zero. Além disso, havia cerca de mil pessoas circulando pela cidade em função da dependência química. Esse cenário mudou com o programa – afirmou.
O caso de Chapecó pode servir como exemplo de alternativa para Santa Maria, onde estimativas preliminares apontam cerca de 400 moradores em situação de rua. O Ministério Público local cobrou recentemente a expansão dos serviços, e o município enfrenta críticas de entidades quanto à estrutura de acolhimento. Confira outras matérias sobre a questão:
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Confira a entrevista completa